quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O AMOR AO PRÓXIMO E A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

O amor ao próximo e a intolerância religiosa

por Roberto Streppel

Quando esteve na Terra, Jesus, filho de Deus e de Maria, nos ensinou o caminho do Pai em uma de suas ilustrativas conversas com os fariseus como nos relata o evangelista Mateus 22:

34 Os fariseus, quando souberam, que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se todos;

35 e um deles, doutor da lei, para o experimentar, interrogou-o, dizendo:

36 Mestre, qual é o grande mandamento na lei?

37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.

38 Este é o grande e primeiro mandamento.

39 E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.

40 Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.

Assim, Jesus nos ensina que o caminho para Deus e para o próximo é um só: O caminho do amor, da aceitação.

Ele nos ensina a ser tolerantes com o irmão, não esquecendo que, como cristãos, pensamos diferentes, porém todos nós queremos ser salvos pelo mesmo Jesus.

Jesus nos convida a darmos as mãos e seguirmos juntos, católicos evangélicos, ajudando-nos a crescer na fé. Não é possível amar a Deus se não amamos ao irmão, à irmã. Somos mentirosos se assim o fazemos, como nos afirma o apóstolo João, quando escreve no capítulo 4 de seu evangelho:

20 Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, não pode amar a Deus, a quem não viu.

Não há condições, apenas amar.

Se nossos altares são diferentes, devemos respeitar e amar. Não podemos deixar que a mentira e a intolerância dirijam nossos passos de fé e amor.

Por isto, nosso testemunho deve ser coerente, pois estamos assim, disseminando as sementes de nossa fé, Ninguém se convencerá conosco se não formos coerentes com aquilo que pensamos e transmitimos. Há um provérbio popular que é muito instigante:

“Aquilo que tu fazes fala tão alto que eu não ouço o que dizes.”

Este provérbio é muito instrutivo pois revela que nossos gestos e atitudes são a verdadeira mensagem que transmitimos.

Quando vândalos destroem templos porque não concordam com os cultos ali realizados, estão mostrando muita intolerância, e nenhum amor.

Por que somos tão intolerantes? Por que sentimos esta necessidade de destruir aquele que é diferente de nós, que pensa diferente, que age diferente?

Nos deixamos conduzir por nossas emoções, a quem devíamos comandar, e nos tornamos irracionais, nos fechamos ao diferente e à realidade.

Em toda a sua vida, Jesus buscou a harmonia, aceitou as pessoas que vinham ao seu encontro. Toda a sua vida foi uma vida de amor ao próximo.

Porém, foi a intolerância daqueles que se sentiram ameaçados com a sua pregação que levou à sua morte na cruz.

Com quem queremos nos parecer? Com quem realmente nos parecemos? Com aquele a quem dizemos amar, de quem afirmamos ser Nosso Senhor, ou somos realmente mais parecidos com aqueles que o crucificaram?

Por que somos intolerantes com Maria, mãe de Jesus, e com aqueles que a veneram, se o próprio Deus foi quem a escolheu para nascer entre nós na forma de um singelo menino? É claro que ela não é nossa salvadora, nem nossa intercessora, nem mediadora, pois a Bíblia testemunha que Jesus é o único mediador entre Deus e os homens:

Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.

Quando Martim Lutero, em 1517 provocou a reforma da Igreja Católica, ele estava querendo, como monge agostiniano, corrigir seus excessos e mostrar o único tesouro da Igreja: Jesus! Em nenhum momento ele foi intolerante e intransigente. Mas teve coragem para enfrentar seus opositores pois tinha apenas uma meta: mostrar que Jesus é o único e verdadeiro salvador para nós.

Contudo, se alguns irmãos na fé entendem que precisam de santos e da virgem Maria e mais alguns outros para auxiliarem nas suas súplicas, porque iremos ser intolerantes com eles?

O exemplo de Jesus e de outros sábios sempre foi um exemplo de humildade, o que é que muitos cristãos, católicos ou evangélicos, hoje precisam aprender a ter.

Há uma charge muito interessante de Lutero, que estaria desanimado com os rumos que a intolerância religiosa tomou nos nossos dia (Veja desenho na página ao lado).

Nenhum de nós, com nossos ritos e liturgias, detém a única e apodítica verdade. Contudo, estamos todos tateando: Qual é a melhor maneira de falar de Deus? Se tateamos, precisamos nos dar as mãos para que possamos nos ajudar mutuamente. Do contrário, cairemos num poço, todos juntos.

Nosso desafio neste milênio, é descobrir o que Jesus testemunhou no evangelho de João 10.30:

“Eu e o Pai somos um”.

Há apenas um Deus que é o criador de tudo o que vemos e o que não vemos, e todos nós O adoramos, cada qual de sua própria maneira e compreensão. Contudo, o fato de vermos a realidade assim como ela se nos apresenta nos dá a idéia de que há várias coisas que ocupam seu próprio espaço e que portanto, não há o Um, mas sim vários. Isto é só impressão, pois mesmo a física hoje nos mostra que tudo é energia. Então, não há várias coisas, apenas Um.Temos dificuldade de entender isto, pois damos muita importância àquilo que vemos e ouvimos, e nos esquecemos de que vivemos numa caixa de som e luz: Não conseguimos enxergar nem a luz infravermelha, nem a ultra violeta. Não ouvimos nada abaixo de 0,20Hz e nada acima de 20.000Hz

Estamos aqui na terra, mas não somos donos dela, apenas seus inquilinos, todos e cada um de nós, como o livro de Levíticos nos recorda: A Terra é de Deus e nós somos apenas habitantes, peregrinos.(Lv 25.23).

De nada nos serve saber versículos e recitar mantras, se não amamos. O amor é o princípio e o fim de tudo.

“E, ao final de nossa longa jornada

Chegaremos ao lugar de onde partimos,

E conheceremos, então, pela primeira vez.” T.S. Eliot.

Roberto Streppel é teólogo, filósofo, psico-pedagogo e pós-graduado em psicologia e aconselhamento pastoral. Especialista em Eneagrama e neuro-linguista. Atende com hora marcada. Tel. 75399476 -24809652 e-mail: \n

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